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Excelência Operacional: a culpa não é da metodologia

22/12/2016 Nas minhas apresentações para a Alta Administração de algumas das maiores empresas do mundo costumo fazer o seguinte exercício inicial com os participantes, chamo-o de “ Modelo Mental Pessoal “:  entrego uma folha em branco e peço-lhes para que me desenhem (ou escrevam) qual sequência costumam seguir quando querem melhorar um processo, resolver um problema ou implementar um projeto. Num segundo momento peço que apresentem o seu “ modelo mental “ para um parceiro que também está no treinamento e façam uma análise crítica.
Obviamente que algumas pessoas que não têm o raciocínio tão lógico e/ou estruturado podem sofrer um pouco mais para descrevê-lo, mas via de regra são gerados “ modelos mentais “ muito bons.
Em um segundo momento eu peço para que escolham o melhor modelo da sala e peço que me descrevam o que a empresa ganharia se, ao invés de cada um seguir o seu “ modelo mental pessoal “ adotassem o mesmo modelo para todos. As respostas mais comuns são:

● Ficará mais produtivo trabalhar em equipe

● Facilitará o treinamento e formação dos novos empregados

● Torna o compartilhamento de conhecimento mais fácil

● Ajuda a tomar decisões de forma mais rápida

● Fica mais fácil medir o impacto das ações tomadas nos principais indicadores da empresa

● Melhora a disciplina de execução A grande conclusão é : ter um modelo mental compartilhado por todos é benéfico para a empresa e há muito a ganhar, embora sempre haverá alguém achando que o seu “ modelo mental pessoal” é o melhor.

Há uma série de metodologias, boas práticas, filosofias , etc consagradas, testadas  e amplamente divulgadas como , PCDA , Lean Manufacturing, Seis Sigma, BPM, PM , para me ater apenas às mais usadas, mas ainda me deparo com comentários do tipo :

●  “...tal metodologia não funciona para a minha empresa. Acho que outra metodologia seria melhor ...”;

● “...na empresa anterior onde trabalhava tínhamos um programa que funcionava muito bem com uma outra metodologia. Acho que vale à pena adotá-la aqui também ...”

● “ ...tal metodologia é complexa (ou simples ) demais para a minha empresa;

● “...muito burocrático. Precisamos retornar ao básico. Não há necessidade de tanta disciplina ... “  

A aplicação do conceito do “ Círculo de ouro “ de Simon Sinek à definição do melhor modelo de Gestão de uma empresa
 

                                               

 

Vou tomar emprestado o conceito do “ círculo de ouro” de Simon Sinek e vou aplica-lo à escolha do melhor modelo de gestão em uma empresa:
 
1-) Primeiro pergunte “ Por quê ( Why ? ) queremos implementar / alterar o modelo de Gestão? “ Qual o objetivo de Negócio a ser alcançado? Os mais comuns são:

● Melhorar a performance financeira do Negócio;

● Aumentar a satisfação dos clientes;

● Melhorar a eficiência Operacional

● Desenvolver as pessoas / Melhorar sua capacidade analítica / Melhorar seu poder de tomada de decisão

● Resolver melhor e de forma mais disciplinada os problemas da organização 2-) Em seguida pergunte “ Como ( How ? ) iremos implementar / alterar o modelo de Gestão ?

● Faremos isso apenas com recursos próprios? Teremos uma área dedicada 100% a isso?

● Qual será o escopo do seu impacto na organização? Será algo que afetará toda a organização ou apenas algumas áreas?

● Seremos rígidos no uso da metodologia e das ferramentas ou permitiremos algumas flexibilidade?

● Quais serão os principais indicadores e como reportaremos o benefício para a empresa?

● Haverá ciclos de certificação / premiação? Como faremos o reconhecimento das melhores práticas? 3-) Por último pergunte: O quê ( What ?) iremos implementar ? A partir das respostas das questões anteriores estaremos melhor preparados para definir a melhor metodologia a ser usada diminuindo a chance de sermos afetados por modismos, percepções subjetivas, discurso sedutor de uma consultoria ou vaidade de algum executivo sênior da Organização.
 
Aqui também valem algumas dicas importantes:

●  Não treine todo mundo com a mesma profundidade

● Adeque os treinamentos de acordo com a natureza da empresa e do segmento de mercado que atua

● Não subestime o tempo e energia necessários para impactar os resultados da organização

● Cuidado para não concorrer ou bater de frente com outras iniciativas da organização

● Não transforme o programa em uma “ atividade adicional “ para os membros da Organização. Tem que ser um “ meio inteligente “ para entregar os resultados financeiros e operacionais esperados;  
 
Ao final do dia preciso tomar a melhor decisão para o Negócio

Por último quero apelar ao bom senso de cada executivo ou gestor para que tome a decisão baseada no benefício para o Negócio e não com base em percepções subjetivas.
Faça perguntas do ciclo “ Why? – How? – What? “ exaustivamente até ter certeza de qual o melhor modelo a ser adotado.
Quero terminar com uma reflexão adaptada do primeiro parágrafo que aparece no que é na minha humilde opinião um dos primeiros e melhores livros escritos sobre metodologia de solução de problemas:  o “ Discurso sobre o Método “ de René Descartes :
 
“... Penso que bom senso é a coisa mais bem distribuída que existe no mundo, pois jamais conheci alguém que julgasse que não o tivesse em quantidade suficiente ...”
 
 
Referências bibliográficas
- Simon Sinek : Golden Circlehttps://www.youtube.com/watch?v=qP4nzlVMIq0
- René Descartes : Discurso sobre o Método
 
* Alberto Pezeiro
CEO e fundador da Seta Desenvolvimento Gerencial, Ex-executivo de RH, Gestão, Vendas e Manufatura da GE, FORD e VW. Foi professor de MBA e Pós Graduação na Fundação Vanzolini ( Poli – USP ).
Tem grande paixão por ensinar. Vem dedicando os últimos 20 anos a ajudar as pessoas a se desenvolverem e, consequentemente, ajudar as organizações a terem resultados e performance melhores.

 
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